quinta-feira, 2 de junho de 2011

Meu pai e o papagaio que não era dele

Meu pai me ligou cedo, acho curioso da maneira formal que ele conversa comigo no telefone, gosto dos sinais de preocupação que transmite e tenta esconder, a verdade é que a saudade dificulta ele carregar a imagem do fechado "pai do mato", bravo e frio, meu pai é meu grande amigo, tá certo que muitas vezes ele não me entende, e eu não entendo ele, mas basta algumas frases sem nexo para matarmos a saudade. A verdade é que a vida foi a grande professora dele, não chegou a ter muito estudo, mas fico impressionado na sabedoria que ele tem...mas voltando a conversa que tivemos... Ele perguntou se eu estava bem, e se eu lembrada do papagaio da visinha, eu caí na gargalhada, eu lembrava sim, era engraçado como o papagaio não sabia conversar, mas ficava tentando o dia todo, sozinho, tudo que ele ouvia tentava repetir, mas não conseguia.( Eu disse que meu pai falava algumas coisas sem muito sentido...). Mas lembrei da forma que ele falava do papagaio antes, porque ele gostava muito, dava muita atenção ao bichinho, lembro que até ração ele dava, mesmo sendo da Dona Ataíde ( que Deus a tenha)....
E me recordo uma vez, um incidente curioso, eu ainda criança percebendo o cuidado e zelo que ele tinha com o passarinho perguntei pra ele porque num comprava um pra ele cuidar. Ele fechou a cara e ele me disse nervoso que o pássaro era dela, e que ele sentia bem cuidando dele, ele dava um pouco de atenção e tudo, mas se fosse de casa mesmo nossa...era perigoso até o bichinho morrer de tanta "curujisse" dele, e  me deu uma baita lição de moral, daquelas que pai sempre faz, mas o fato foi que ele me ligou pra dizer isso...do papagaio que ele gostava, que era da vizinha, que ele cuidava...e eu aqui em São Paulo, tipo assim...as coisas não faziam nenhum sentido...até que... .. . meu pai é um mestre. Ele tava me dando uma indireta na mira certinha, algumas pessoas são como os papagaios, não estou querendo dizer que as pessoas falam demais, mas que temos de cuidar na medida certa, preocupar no momento certo, saber dissernir o sentimento, porque o bichinho tem a vida dele pra lá, e ele no fundo no fundo era feliz alí na casa da vizinha com as manhas dadas pelo meu pai.

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