quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tango, Bolero e cha cha cha

Eu via na tv chamadas curiosas sobre Tango, Bolero e cha cha cha, faziam grande entusiasmo diante da figura do ator Edwin Luisi, que cá entre nós pra mim era só mais um advogado de novela das sete, fazia o tipo sério e fechado, e que aparentemente o engraçado da peça seria a quebra desse preconceito, mas...quebrei a cara. Numa sexta entrei no Shoping Frei Caneca com dúvida em qual peça assistir ( do Teatro Frei Caneca ou do Nair Belo)  e acabei optando por esta, porque aparentemente estava “causando” mais. Como sempre estou sozinho é fácil encontrar uma poltrona “sentável”, e isto quer dizer primeira fila.  {Entrar no Teatro Frei Caneca  dá aquele frisson, um sentimento quase de “saudade”, porque tenho fortes lembranças do Despertar da Primavera.} A história já não possui mas nenhum segredo, conta a história de homem que sumiu de casa e ficou desaparecido por 10 anos, até que resolve voltar para contar a verdade para sua ex-esposa e filho, ele na verdade é a Lana Lee, um transexual famosa em toda Europa por sua dança. Não foi desta vez que pude conferir a atuação da Cris Nicolotti, mas a substituta manteve com audácia uma Clarice (ex-esposa) uma interpretação desajustada que em momentos deixou a desejar perdendo grandes oportunidades de comédia, mas foi salva pelo brilho e comunhão dos outros atores. Vale lembrar que esse papel já foi interpretado por nada mais nada menos que Maria Clara Gueiros, que possui um dom raríssimo, sabe quando olhamos para alguém calado e começamos a sorrir? Não falo somente dos outros trabalhos feitos, mas comento da expressão corporal e de sua relação com o público. A Clarisse é ex-mulher e mãe, e possui grandes diálogos consigo mesma e com o público que foram perdidos pela busca de riso fácil, deixando a piada inteligente se perder pelo texto frio. A empregada, que já foi interpretada por Márcia Cabrita, e nesta versão é vivida pela Carolina Loback, a Genevra consegue uma cumplicidade com o público única, nos tornamos íntimos com sua simplicidade e audácia, e mantém uma química com o espaço que nos faz comprar a idéia de que estamos mesmo naquele apartamento. O JohnnY Massaro estava maravilhoso, sou suspeito a falar dele porque acompanho e tenho ele como referência no sentido de interpretação, somos da mesma época, e busco sempre me manter informado sobre o trabalho dele. O Carlos Bonow consegue arrancar várias gargalhadas com seu sotaque “perdido”, e cada vez que tentava dizer Dênis, dizia Pênis e a platéia se acabava de gargalhadas, ele protagoniza com Edwin cenas maravilhosas de sentimento e drama que a embalados pela comédia conseguem passar um conteúdo “pesado” de forma suave e sem agredir a ninguém.  Senti frieza do público na entrada do Edwin Luisi, eu esperava mais palmas e entusiasmo, mas não sei se perceberam logo no início que aquela mulher de pernas maravilhosas era ele; Edwin consegue honrar todos os prêmios ganhos, a Lana Lee é mais que um transexual, é quase um símbolo numa realidade em que esta camada atualmente busca seus direiros, e o ator consegue apimentar seus diálogos com conotações atuais e dramáticas, humanizando a Lana de uma forma fantástica que nos faz torcer que a confusão termine e que tudo dê certo. Existe uma ligação muito gostosa entre o Edwin e Johnny, pai e filho na peça, protagonizam a descoberta de forma desastrosa e engraçadíssima, que consegue até arrancar algumas lágrimas que logo são disfarçadas com as gargalhadas e palmas no final de grande estilo  com uma cena musical...

Mas porque esse título? Estudando um pouco entender. O Título sugere três movimentos da trama
-O sofrer:conflito da revelação do marido e pai que abandonou a famíia há dez anos e volta como transexual.
-Bolero: representa as dificuldades, conflitos marido e ex-mulher e filho. Aceitação e  dúvida.
-Cha cha cha: Quando tudo se resolvee a harmonia impera sobre todos os personagens.
O texto consegue o tempero exato para a trama correr por bons trilhos, dá a oportunidade para o Diretor ( neste caso pela diva Bibi Ferreira), e para os atores trabalharem com seus personagens. Tango, bolero e cha cha cha com certeza é uma peça perfeita para juntar os amigos e se divertir, não espere um final arrebatador, até porque o ápice da peça está logo no início quando somos apresentados a Lana Lee, mas espere por boas gargalhadas e uma boa discursão a respeito da sexualidade após o teatro.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Conselho de um velho apaixonado

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 17 de abril de 2011

Discurso

Confeço que estou um pouco nervoso,
não é sempre que falo verdades tão profundas de mim,
é que eu sempre procurei ser transparente,
mas nunca roubar o brilho de ninguém.

A verdade é que fingir já não consigo
e fugir pra outro rumo não faz sentido
E agora até o tempo se ambaraça
e a teima do universo me pirraça

E no baque do instente no qual me vejo
Amizade, alegria manifestada em dor e desejo
O brilho ofuscado em meio a lama
a repressão do ego supra a gana

Enquanto dircurso,discuto...
me questiono
Discurso..só discurso.


(escrevi num papel de pão, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009 13:53:23)

domingo, 3 de abril de 2011

A confissão

O condenado à morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre:
- Meu filho, vim trazer a palavra de Deus para você.
- Perda de tempo, seu padre. Daqui a pouco vou falar com Ele,pessoalmente. Algum recado?