quarta-feira, 4 de maio de 2011

Roberto Zucco

Curioso, eu? Sim!

Demorei um pouco, mas não me resisti ao Zucco. Já havia tentado comprar ingresso em outras oportunidades mas não encontrava mais convites para vender, era quarenta lugares, contados, exatos...eu achava estranho até porque a platéia do Satyros I eu conheço muito bem e sei que sempre cabe mais um ali...mas o fato é que enrolei bastante até consegui sentar na minha primeira fileira e me deixar levar pelo fabuloso e curioso universo desenhado por Rodolvo García Vázquez; que aliás pude cumprimentá-lo e dizer: “ Hei! Sou aquele carinha do facebook que já assistiu Hipóteses sobre o amor e verdade exatas dez vezes!”, e ainda complementei: “- Eu já sei até alguns trechos decorados mas não me canso de ver.” Acho que ele se assustou comigo....rs, mas ainda espero um dia que ele me dirija. #momentosonho
O texto é impactante, escrito por Koltès em 1988, e o diretor consegue enxugar o tempo tornando ele perceptível, mas adaptado de certa forma, podendo até ser aplicado nos dias de hoje. A profunda transformação moral e efetiva ocorrida nos nossos últimos 30 anos. O autor colocou muito de si no texto, questionamentos interessantes tornam a peça mais humana, real, e ajuda na interpretação no sentido que dão mais naturalidade aos argumentos, coisas comuns.
O elenco é divino, a Cléo de Páris e Julia Bobrow possuem uma comunhão em cena que eu só pensava existir nos livros de Stanislavisk, era como se ele tivesse dado as coordenadas de alguma forma, não sei, mas me inquietou, conseguem uma transparência, uma verdade na relação entre irmãs única, que mesmo que se eu tentar explicar vou apenas me enrolar, e conseguem “vender” que são irmãs e ponto final. O Robson Catalunha é um daqueles atores que consegue nos hipinotizar, tem certo “dom” de trazer nos olhos um perigoso poder de nos convencer, algo extremamente importante para um ator; de estatura baixa ( acho que somos da mesma altura), brinca diversas vezes com o fato de bandido e mocinho, ele consegue ser os dois ao mesmo tempo, nos faz torcer pelo êxito de seus planos e suas artimanhas. Em cada assassinato um novo intenso jogo de argumento é lançado, a platéia se movimenta, personagens surgem de diversos lugares dinamizando e quebrando a “particularmente odiada” quarta parede. No fim, também nos tornamos vítimas do Roberto, caímos em seu argumento, em seu jogo, num jogo rápido ele foge, e ficamos ali...sem ação, como vítimas reais.

Luzes, movimento, sustos, gargalhadas, lágrimas , efeitos e até um número musical, ajudam a contar essa curiosa história. Eu me torno suspeito a falar, estou apaixonado pela forma de adaptação do diretor Rodolfo, que conquistou seu espaço em meus favoritos. Encontro no Satyros uma forma de arte que me encanta, e que não nos deixa passivos na peça. 

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