terça-feira, 24 de maio de 2011

Meu amigo chato

Eu amigo me disse:  Estou chato!
Soou rápido como se ele estivesse me chamado de chato, nem dei importância. ...
Mas depois, pensei e achei tão gostoso ouvir isso, era como uma aposta,  um convite,  ou algo do tipo,  fiquei perturbado com a idéia única de ser desafiado de forma tão clara, objetiva.
Por um instante rápido retirei o véu da distância entre eu e o outro, e ouvindo essa frase tão simples percebi o quanto de coragem e considerarão ele tem por mim. Eu me senti único. Em raros momentos  e raras pessoas tem o peito de retiram a máscara imposta pela vida, e se mostrarem como são ou como estão sentindo, e ele ali, diante de mim disse isso, com naturalidade e com medo de eu me machucar.
Aquele convite desafiador me remeteu dezenas de possíveis formas de falar que num era bem assim, e aquele roteiro comum que todo mundo fala....mas eu...
eu resolvi concordar, piorando as coisas....: Sim, está mesmo.

Saímos, nos divertimos um pouco etc... tive plena certeza que ele estava mesmo chato, e acho que por isso mesmo,  pude perceber que  foi perfeito. A promessa de sinceridade é uma daquelas facas que possuem dois gumes, ou uma arma que pode ser utilizada para o bem e para o mal, mas talvez havíamos chegado num ponto tão curioso em que bem, mal, não fizesse diferença, e que a verdade por mais inconveniente que seja era só mais uma verdade, algo a mais, força que rege uma relação simples e forte.

Chato,  só você sabe o quanto também sou chato.

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