quinta-feira, 24 de março de 2011

Mambo Italiano




Mambo?
É eu tentei fazer um esforço para lembrar se ao menos conhecia esse ritmo, mas não consegui lembrar de nenhuma música...aliás, quando li o nome da peça logo pensei que fosse um musical, e por esse motivo não pensei duas vezes e comprei logo meu lugar na primeira fila. Só quando cheguei ao Teatro Nair Bello, no Shopping Frei Caneca que me deparei com uma propaganda na porta do elevador com o Jarbas Homem de Melo ( inesquecível Zorro), e com o Luciano Andrey ( que eu tinha adcionado no facebok naquele mesmo dia), que eu me animei de verdade para saber o que me esperava...Ao retirar o ingresso que havia comprado pela internet, estava lendo o programa quando fui atropelado por um homem correndo, fiquei nervoso e quando olhei para cima percebi que era o Jarbas, confeço que fiquei sem geito ( eu tava preparado pra reclamar), tentei não "tietar", mas ele me abraçou como se tivesse pedindo desculpas eu mal disse "  merda ! " e ancioso esperei os benditos três sinais... .. .

Quando as cortinas se abriram deparei com um cenário muito simples, era como seu estivesse num ensaio, dava para sentir os atores tranquilos, pareciam serenos, a música era um mambo, isso mesmo tocava um mambo alto enquantos os atores bailavam entre os dois universos expressados no palco. Mas algo alí me pertubava, uma mesa de jantar, simples com um forro branco e algumas cadeiras em volta, na minha frente parecia atrapalhar minha visão. Não era um musical como eu pensava, tinha percebido isso ao folear o programa, mas já esperava que fosse uma comédia interessante. Um casal gay no centro da história flutuava e meio a dúvida de assumir ou não sua relação. O texto caminhava de forma tão gostosa que dava gosto ver os encontros dos personagens defendendo suas verdades. Famílias italianas tradicionais tendo que lidar com problemas humanos tão frágeis como um amor impossível, um dualismo complicado, gostoso, que caminhou com gargalhadas gostosas que há tempos estavam presas em mim mesmo, eu nao sorria assim fazia tempo.  Arrepiei, quando a Tânia Bondezan colocou sua cadeira na ponta do palco e conversou com seu falecido marido, como se estivesse num cemitério, e com um texto simples e bem e jocoso conseguiu comover a platéia. Atuações brilhantes, um elenco muito seguro, e bem unido, percebia talvez uma escorregada, mas logo um ajudava o outro a entrar no clima, e eu me apaixonava cada vez mais pelo teatro...

Mas a tal mesa branca que parecia me perturbar, me trouxe um presente, em uma cena forte e que eu assumo não estar preparado para tal ocasião, em meio a uma conturbada discussão o personagem do Luciano Andrey assume ao pai,  Antônio Petrin, sua homossexual. Por um instante eu que já estava na primeira fila, sentia que estava atrapalhando aquele diálogo entre pai e filho, só naquele instante descobri o que é o Teatro Realista, era como se eu estivesse olhando aquela cena pela janela da casa ao lado. Não consegui segurar as lágrimas e me acabei...me emocionei...mas não fui apenas eu, toda a platéia escondia as lágrimas, e torceram para um final feliz, mas ... não foi bem isso que aconteceu. A história de amor não foi perfeita, faltou algo... não teve um " e viveram felizes para sempre". O casal gay, terminaram separados e por esse fato tão perturbador entendi porque chamam isso de Teatro Realista, que vontade de quebrar aquela quarta parede!

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